A fibromialgia é entendida como um quadro de dor difusa, manifestada especialmente na musculatura. Este é um conceito importante, pois não se pode fazer o diagnóstico da fibromialgia em pessoas que têm dor em somente uma parte do corpo, mesmo que esta dor seja crônica.
Porém, existe um tipo de dor crônica localizada que o paciente com fibromialgia deve estar bem familiarizado e orientado de como lidar: a dor miofascial.
O que é isto? Bem, a dor miofascial é provavelmente uma das causas mais comuns de dor localizada. É aquele ponto na musculatura que está tão contraído que o músculo forma um verdadeiro nó, ou “caroço”. A maioria das pessoas tem ou terá um destes pontos em alguma ocasião de suas vidas. Os mais típicos aparecem no pescoço ou nos ombros, quando se está tenso, mas eles podem aparecer em qualquer músculo do corpo.
Estes “caroços” recebem o nome técnico de “pontos-gatilho”. Eles são assim chamados porque, quando estimulados, “disparam” uma dor irradiada que segue o trajeto do músculo. Eles são diferentes dos pontos dolorosos na fibromialgia, que simplesmente são locais de maior sensibilidade à dor, e que não apresentam dor irradiada à distância. A diferenciação dos dois no mesmo paciente pode ser difícil, mas um médico experiente pode identificá-los e individualizá-los.
Qual a importância destes pontos? Quando o paciente não é portador de fibromialgia, o grande problema da dor miofascial é que o diagnóstico demora a ser feito. Como a dor é irradiada, muitas vezes o diagnóstico é feito levando-se em conta o trajeto de nervos, não do músculo. Por exemplo, um ponto-gatilho na nádega induz uma irradiação para o membro inferior que lembra muito uma ciática. Porém, neste caso não há compressão do nervo ciático por uma hérnia de disco, mas uma contração muscular intensa com dor irradiada. Esta demora em se fazer o diagnóstico e por conseqüência o tratamento adequado leva a uma contração muscular crônica, que em alguns pacientes predispostos podem começar a envolver toda a musculatura, levando finalmente a fibromialgia.
No paciente com fibromialgia já estabelecida, a presença de pontos gatilhos deve ser detectada, pois esta dor pode “alimentar” o processo de amplificação de dor que já está ocorrendo no paciente. Neste caso, a dor miofascial é chamada de um “gerador periférico de dor central” e o seu tratamento é fundamental para a melhora do paciente como um todo.
Como estes pontos-gatilho são tratados? Habitualmente, o paciente melhora muito com exercícios de alongamento e exercícios aeróbicos. Como o paciente precisa relaxar a musculatura, um bom sono é necessário. A maioria destes pacientes apresenta sono não reparador, como os pacientes com fibromialgia. Medicações para o sono são usadas então para corrigir este fato. Medicações analgésicas e relaxantes musculares também são usadas, para alívio sintomático da dor. Massagem local e acupuntura proporcionam alívio, mas este geralmente é temporário. Uma técnica conhecida como agulhamento, que é a injeção de anestésico local no ponto doloroso, seguida de estimulação com a ponta da agulha, oferece melhores resultados, principalmente se associada com alongamento muscular intensivo.