segunda-feira, outubro 31, 2011

Doença Reumática, exercício físico e Vitamina D

Muitas vezes, o diagnóstico de uma doença reumática cai como uma verdadeira bomba para o paciente. “Saber-se portador de uma doença reumática ou autoimune pode trazer consigo uma sensação de fragilidade e desamparo”, afirma o reumatologista Sergio Bontempi Lanzotti.
É compreensível que o ser humano se sinta inconformado com as limitações impostas pelas doenças crônicas. Isso ocorre não apenas com as doenças reumáticas, mas também com o diabetes, obesidade mórbida e hipertensão arterial, entre outras.
O especialista reconhece que há um estágio inicial, após o diagnóstico, em que as pessoas até tentam seguir as orientações médicas, mas com o passar do tempo, o ânimo inicial cede lugar para o desestímulo.
A dieta tão importante para o tratamento eficaz, já não é seguida à risca, o uso comedido do álcool sucumbe ao abuso. As práticas de atividade física e a suspensão do tabagismo parecem muito difíceis de serem programadas. “Ocorre uma rebeldia ou uma total negligência às recomendações médicas, que são facilitadores do tratamento”, resume o médico.
Após o diagnóstico desse tipo de doença, por mais que se sofra, é preciso ser realista. A vida não poderá mais ser como antes, para uma boa parte dos seus portadores.
Para o médico, no entanto, ela pode até ser melhor do que antes, se o paciente tiver maturidade e estiver engajado no próprio tratamento. Nesse momento, é muito importante que possa contar com um reumatologista a fim de receber esclarecimento sobre a doença e seus cuidados, de forma que entenda a necessidade em aderir ao tratamento de maneira efetiva.

A praga do sedentarismo
Conciliar uma rotina saudável nos tempos modernos não é tarefa para qualquer pessoa. Após um dia de trabalho árduo, tudo o que quer é chegar em casa e descansar. No entanto, se o descanso é importante para combater o estresse diário, manter uma atividade física também é.
Ainda mais quando se recebe o diagnóstico de uma doença reumática, como artrite, artrose, fibromialgia, lombalgia crônica, entre outras. O sedentarismo é um comportamento induzido por hábitos decorrentes dos confortos da vida moderna.
Com a evolução da tecnologia e a tendência cada vez maior de substituição das atividades físicas por facilidades automatizadas, o ser humano adota cada vez mais a lei do menor esforço, reduzindo assim o consumo energético do corpo.
“O exercício físico é uma peça chave no tratamento dos pacientes reumáticos, pois o sedentarismo agrava o quadro das doenças reumáticas”, observa Sérgio Lanzotti.
A prática de atividades físicas – além de proporcionar prazer e relaxamento – contribui para o emagrecimento, reduz a dor e a rigidez nas articulações e aumenta a flexibilidade, força muscular, saúde do coração e a resistência.

Atividade física
Um dos grandes benefícios da atividade física é o estímulo à produção de endorfinas, aumentando a sensação de bem-estar. As endorfinas também funcionam como analgésico, proporcionando alívio da dor no organismo.
“A produção de endorfinas é fator muito importante para os pacientes reumáticos, que apresentam propensão a desenvolver quadros de depressão e ansiedade”, explica o reumatologista.
Os exercícios físicos mais recomendados para os pacientes reumáticos são do tipo aeróbico ou dinâmico, como caminhar, correr, nadar e andar de bicicleta. No entanto, a prática de exercícios físicos deve ser supervisionada e não deve ser iniciada antes da avaliação do médico que acompanha o paciente.
O reumatologista poderá indicar a necessidade da prática de atividade física por doentes com acometimento articular de membros ou coluna vertebral. Mesmo seguindo dietas bem planejadas, utilizando medicamentos de última geração e encontrando pacientes motivados, muitas vezes, a obesidade crônica passa consegue minar a resistência e a confiança dos pacientes.
De acordo com os dados do último Censo, o Brasil, seguido de outros países emergentes, vem liderando o ritmo de crescimento dos índices de sobrepeso e obesidade. Por aqui, cerca de 50% dos adultos e 30% das crianças e adolescentes encontram-se acima do peso normal.

A importância da vitamina D
Apesar de viver em um ensolarado país tropical, os brasileiros apresentam níveis muito baixos de vitamina D no organismo. “Este é outro fator de risco para doenças reumáticas relacionado ao estilo de vida moderno”, observa Lanzotti.
A prática de atividades físicas passou a ser em locais cobertos. O lazer também acontece dentro de recintos fechados, como o shopping. “Assim, fica difícil garantir a exposição solar diária recomendada”, alerta o reumatologista.
O medo das doenças de pele, especialmente do câncer, também tem impacto sobre o hábito tão atual de se evitar o sol. “A falta de vitamina D no organismo é uma consequência direta dessa baixíssima exposição à luz solar. Sem ela, o micronutriente não é sintetizado pelo organismo”, explica o especialista.
Nossa dieta é relativamente pobre em vitamina D e dependemos muito da luz solar para garantir estoques adequados desta vitamina no organismo. Daí a importância da suplementação para as pessoas na terceira idade.
A ação mais conhecidas da vitamina D ocorre no sentido de promover a mineralização óssea. Somente através dela é que conseguimos absorver o cálcio dos alimentos que ingerimos e o depositamos eficientemente nos ossos. Esse efeito garante o crescimento das crianças e dos adolescentes e ossos fortes e ricos em cálcio em todas as idades.

SAIBA MAIS:

quinta-feira, outubro 20, 2011

Osteoporose e exercício físico

Embora em termos de saúde pública, em muitos paises, existam doenças mais importantes do que a osteoporose, é um fato que considerável parcela da população dessas nações apresenta ou virá a apresentar consequências mais ou menos graves da diminuição da massa óssea. Estima-se que nos Estados Unidos da América do Norte o número de pessoas com osteoporose esteja entre 15 e 20 milhões, levando à uma incidência anual média de 1,3 milhões de fraturas, com o custo aproximado de 3,8 bilhões de dólares. A idade crítica para as mulheres, com relação à osteoporose, é a menopausa, e para os homens, os 80 anos. A perda óssea em mulheres começa aos 35 anos e progride 1% ao ano até a menopausa. Nos 4 à 5 anos após o término das menstruações, as mulheres perdem de 2 à 4 % ao ano, e depois voltam aos níveis de perda em torno de 1 % ao ano. Nos homens a perda começa aos 45 anos e é cerca de 0,5 % ao ano, continuadamente. A importância clínica da osteoporose está no aumento da incidência de fraturas. A osteoporose tipo I (pós-menopausa) manifesta-se com fraturas principalmente de rádio e vértebras. A osteoporose tipo II (senil) manifesta-se mais com fratura do colo do fêmur, em pessoas acima dos 60 anos. Aos 70 anos de idade, 25 % das mulheres apresentam fraturas de corpos vertebrais, às vezes assintomáticas.

A massa óssea depende de fatores genéticos, nutricionais, hormonais e ambientais, sendo críticos os níveis de atividade física (Christiansen, 1995; Johnston, 1995; Kreipe, 1995; Silver & Einhorn, 1995; Zigler et al, 1995). Algumas pessoas, geralmente mulheres brancas, apresentam geneticamente poucos receptores para vit. D, o que leva à absorção intestinal de cálcio diminuida. Nessas pessoas a ingestão ideal de cálcio e vit. D pode ser importante para a manutenção da massa óssea, particularmente das primeiras duas décadas de vida. Nesse período atinge-se a máxima massa óssea possivel, que posteriormente tende a diminuir. Níveis adequados de atividade física na juventude também são importantes para que as pessoas alcancem uma boa massa óssea máxima, que se admite ser o parâmetro mais importante para se prever a osteoporose futura. Na meia idade, a baixa ingestão de cálcio e a falta de atividade física levam à diminuição progressiva da massa óssea. Na menopausa o fator crítico é a queda dos níveis de estrógeno, o que diminui a absorção intestinal de cálcio e aumenta a sensibilidade dos óssos à ação de absorção do paratormônio. Como os homens costumam manter atividade física de maneira mais consistente do que as mulheres, e como não há queda abrupta na produção dos hormônios sexuais, os problemas da osteoporose aparecem em idade mais avançada no sexo masculino. Para as mulheres na menopausa, a maior parte dos estudiosos do tema preconizam atualmente a reposição hormonal, exercícios físicos e ingestão adequada de cálcio e vitaminna D.

Diagnosticada a osteoporose, o tratamento geralmente inclui drogas como a calcitonina, o fluoreto de sódio, os bifosfonatos, e outras, dependendo da condição ser do tipo I ou II e em casos de insuficiência de vitamina D, a exposição ao sol ou suplementação de vitamina D.

Como vimos, os exercícios físicos (Fielding, 1995; Kohrt, 1995; Lohman et al, 1995; Martin & Houston, 1987; Smith & Raab, 1986; Stone, 1988) fazem parte tanto da profilaxia da osteoporose, na juventude e na idade adulta, como também do tratamento. A exata maneira pela qual os exercícios físicos exercem estímulos ao aumento da massa óssea ainda não está esclarecida. Sabe-se que dois fatores são importantes: a tensão dada pelo suporte de cargas e a contração muscular, sendo o primeiro mais atuante do que o segundo. Pessoas acamadas que realizavam 4 horas diárias de exercício intenso em cicloergômetro, deitados de costas, não conseguiram reverter a perda óssea da inatividade. Por outro lado, pessoas nas mesmas condições que conseguiam permanecer em pé durante 3 horas diárias, impediram a perda óssea. Estudos com atletas também permitiram algumas observações importantes: o aumento da densidade óssea ocorre nas regiões estimuladas por sobrecarga gravitacional ou por contrações musculares razoavelmente intensas. Verificou-se que a natação produz massa óssea ligeiramente acima do normal, discretamente superada por "jogging" e caminhadas. Futebolistas e corredores de velocidade vem a seguir, com maior massa óssea. Acima desses atletas aparecem os corredores de longa distância, e com ainda maior massa óssea, os atletas treinados com pesos. Os mais altos níveis de densidade óssea ocorrem entre levantadores de peso. Essas observações permitem concluir que os efeitos osteogênicos dos exercícios parecem ser máximos nos esforços curtos de alta intensidade ou nos esforços moderados de longa duração. Atividades muito suaves ou sem ação da gravidade não produzem aumento significativo de massa óssea. A possibilidade de que fatores genéticos e nutricionais fossem variáveis de confusão na comparação entre atletas e sedentários parece ser anulada pela observação de que tenistas e outros atletas com padrão assimétrico de desempenho, apresentam maior massa óssea no membro dominante. Tenistas chegam a apresentar 30 % mais espessura na cortical dos ossos do braço e ante-braço dominantes em relação ao lado oposto. Maior densidade óssea no ante-braço ocorre apenas nas atividades que envolvem esforços intensos com as mãos.

Atualmente sabe-se que os execícios com pesos não são apenas os mais eficientes para aumentar a massa óssea, mas também para aumentar a massa e a força dos músculos esqueléticos. Adicionalmente, melhoram a flexibilidade e a coordenação, evitando quedas em pessoas idosas, que poderiam produzir fraturas em ossos osteoporóticos. Outra qualidade dos exercícios com pesos que justifica a sua utilização nas faixas etárias onde a osteoporose constitui problema, é a sua segurança. A incidência de lesões é muito reduzida em função da ausência de choques entre pessoas, de movimentos violentos, e mínimo risco de quedas. Também se demonstrou que a segurança cardiológica nos exercícios com pesos bem orientados é superior à de exercícios de média intensidade realizados de maneira contínua, onde o aumento da frequência cardíaca pode ser fator patogênico importante.

Resumindo a situação dos exercícios físicos em relação à osteoporose: a sua importância é grande tanto para a profilaxia quanto para o tratamento dessa condição. A sua utilização deve ocorrer desde a infância, nos anos onde se atinge a massa óssea máxima. Por mecanismos ainda pouco esclarecidos, os exercícios mais eficientes são os que implicam em suporte de cargas e contrações musculares fortes. Dentre esses tipos de exercícios, os mais seguros e práticos são os exercícios com pesos.

SAIBA MAIS:
Doença Reumática, Exercício Físico e Vitamina D: http://professorvitor.blogspot.com/2011/10/doenca-reumatica-exercicio-fisico-e.html
Vitamina D: Uma nova epidemia? http://professorvitor.blogspot.com/2011/10/vitamina-d-uma-nova-epidemia.html
Dores Musculares na Fibromialgia: http://professorvitor.blogspot.com/2011/09/dores-musculares-na-fibromialgia.htm

quinta-feira, outubro 06, 2011

Vitamina D: Uma nova epidemia?


A vitamina D é essencial para a absorção do cálcio e por isso influência diretamente no metabolismo  e  composição  da matriz  óssea.  Ela  é  sintetizada  pela  pele  a  partir  dos raios ultravioleta  e podem  ser  também  adquiridas  com  a  alimentação. Vários  fatores influenciam a concentração de vitamina D no plasma, dentre estes estão a incidência de radiação  solar,  que  varia  com  a  latitude  e  com  a  estação  do  ano,  a  cor  da  pele, obesidade, os hábitos culturais de cada população como a vestimenta e a alimentação, a gravidez  e o  envelhecimento. Tais  fatores  são  importantes para  explicar as diferentes prevalências mundiais de hipovitaminose D. No Brasil, os estudos sobre a deficiência de  vitamina  D  são  escassos,  apesar  dessa  situação  apresentar  graves  repercussões, como raquitismo em crianças, osteomalacia e osteopenias em idosos, que pode levar a ocorrência  de  fraturas,  condição  freqüente  nessa  faixa  etária.  Por  outro  lado, concentrações  adequadas  de  vitamina  D  podem  estar  relacionadas  com  menor incidência de câncer, como o da próstata, da mama e do cólon.itamina D é um hormônio esteróide sintetizado na pele por ação da radiação ultravioleta, podendo também ser ingerida na alimentação.
A deficiência de vitamina D, como doença, teve sua prevalência muito aumentada após a revolução industrial, como causa de raquitismo em crianças e osteomalacia em adultos. Nessas desordens, a mineralização da matriz orgânica do osso é deficitária, pois a falta dessa vitamina causa a diminuição da absorção de cálcio e conseqüente hiperparatireoidismo secundário. Estudo recente também evidenciou que níveis de 25(OH)-vitamina-D são inversamente associados a hipertensão arterial.
Algumas populações estão mais sujeitas a apresentar hipovitaminose D que outras. Assim como a exposição aos raios ultravioleta solares é essencial para a formação da vitamina D, a exposição reduzida é um dos principais fatores de risco para hipovitaminose D. A estação do ano é um forte determinante da condição de hipovitaminose D e a latitude embora seja um fator evidente é menos importante como causa de deficiência e insuficiência de vitamina D.
Fatores culturais que influenciam na exposição ao sol são muito importantes até mesmo em regiões tropicais. Estudos realizados em regiões de baixa latitude como no Oriente Médio demonstraram uma alta prevalência de hipovitaminose D variando de 50 a 97%, sendo estes dados relacionados ao hábito cultural do uso de roupas cobrindo todo o corpo.
clique na figura abaixo e saiba mais sobre a Vitamina D:
O envelhecimento parece ser o maior fator de risco para diminuição da vitamina D. Em um estudo realizado pela UNIFESP observou-se, em pacientes idosos, institucionalizados e ambulatoriais, uma prevalência de 71,2% e 43,8%, respectivamente, de hipovitaminose D.
Segundo esse estudo, os resultados estariam relacionados à capacidade reduzida da pele de sintetizar pró-vitamina D, menor exposição ao sol, alimentação inadequada, menor absorção gastrintestinal e uso de muitos fármacos que interferem na absorção e metabolismo da vitamina D. Na ausência de níveis ideais de cálcio e fósforo, a mineralização do tecido osteóide é diminuída, resultando em sinais clássicos de raquitismo em crianças e osteomalacia em adultos.
O progresso da deficiência de vitamina D leva a um aumento da estimulação da glândula paratireóide, resultando em hiperparatireoidismo secundário. O hormônio da paratireóide estimula, indiretamente, os osteoclastos, causando osteopenia e osteoporose e aumentando o risco de fraturas.
A deficiência de vitamina D é uma entidade clínica muito prevalente em praticamente todos os continentes. Estima-se que 1 bilhão de pessoas em todo o mundo tem deficiência ou insuficiência de vitamina D, sendo esta mais observada em afro-descendentes do que em brancos, devido à maior pigmentação da pele que age como um filtro para os raios UV; em obesos, em decorrência do seqüestro de vitamina D pelo tecido adiposo; em regiões de maiores latitudes, por serem menos ensolaradas durante a maior parte do ano; nas estações do ano que apresentam menor incidência de raios solares, como outono e inverno; em povos que apresentam hábitos culturais como dieta pobre em vitamina D e uso de vestimentas que cobrem a maior parte do corpo. No Brasil, pela sua localização geográfica em zona tropical, apresenta hipovitaminose D que parece estar mais associada ao envelhecimento, em decorrência da limitada exposição aos raios solares, dieta inadequada e uso de muitos fármacos que comprometem a absorção e o metabolismo da vitamina D.
Dentre as conseqüências mais comuns da deficiência orgânica de vitamina D estão as deformidades ósseas que, na infância, caracterizam o raquitismo e, no adulto, a osteomalácia. O hiperparatireoidismo secundário à hipovitaminose D é responsável pela osteopenia e osteoporose, causas importantes de fraturas em adultos. Dados recentes sugerem a associação de baixos níveis plasmáticos de 25(OH)D com a incidência elevada de câncer de mama, próstata e cólon.

SAIBA MAIS:
Doença Reumática, Exercício Físico e Vitamina D: http://professorvitor.blogspot.com/2011/10/doenca-reumatica-exercicio-fisico-e.html
Osteoporose e Exercícico Físico: http://professorvitor.blogspot.com/2011/10/osteoporose-e-exercicio-fisico.html
Dores Musculares na Fibromialgia: http://professorvitor.blogspot.com/2011/09/dores-musculares-na-fibromialgia.htm